Não sei se a Ministra Graça Machel chegou a comer algum pedaço da carne de macaco servido num almoço após uma manhã inteira de trabalho e reuniões. Que ela soube o que estava na mesa, ah, isso sim. Nós outros, sentados nas bem tecidas mesas de bambú refastelamo-nos com aquela iguaria quanto bastou. Sem saber o que nos fora servido, obviamente, porque quando nos demos conta – tarde de mais – foi o caos. Aconteceu um ou dois anos após 1975 nas então chamadas zonas libertadas no norte de Cabo Delgado. Najopa, que dirigia o Centro Piloto Maguiguane com elevada competencia, era o anfintrião e, nessa qualidade, responsável da escolha do Prato do Dia. Um episódio engraçado que conto aqui num dia em que aquele professor, MARCOS ELIAS NAJOPA de seu nome completo, é condecorado postumamente com a Medalha Bagamoyo. É uma distinção merecedíssima, disso não tenho a menor dúvida. O Centro Maguiguane era, de todos, o mais bem organizado em todos os aspectos. Salas de aulas, dormitórios, residências dos professores e instalações administrativas, camas, mesas e bancos, tudo construido à base de bambú, laca laca, estacas e capim. Alguns profissionais da Rádio Moçambique sairam deste estabelecimento de ensino concebido e construido pela Frelimo durante a luta armada de libertação nacional. Possuia um grupo de teatro, grupo coral e uma banda musical cujos instrumentos (guitarras) eram localmente fabricados. A fitateca/discoteca da RM guarda muitas horas de gravações. O próprio NAJOPA não se coibia de integrar estes grupos culturais, como também a equipa de fútebol. Hoje o Centro Piloto deu lugar à Escola Secundária Maguiguane, a uns escassos quilómetros da vila de Mueda.
Onde quer que te encontres, um abraço de saudade meu caro NAJOPA.
(A imagem, de setembro do ano passado, refere-se a um outro estabelecimento similar, o Centro Piloto de Luanda, hoje também transformado em escola secundária, no vizinho distrito de Muidumbe).
Por Edmundo Galiza Matos