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Os Chefes de Estado de Moçambique e Portugal em privado

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, considerou que o diálogo com a Renamo não pode ser condicionado, referindo-se implicitamente à exigência do maior partido de oposição em envolver a mediação a África do Sul, União Europeia e Igreja Católica.

“O diálogo deve acontecer naturalmente e para isso escolhemos uma equipa encarregue de preparar o encontro com Afonso Dhlakama [líder da Renamo]”, afirmou Filipe em Nyusi, numa conferência de imprensa na quarta-feira em Lisboa apenas para jornalistas moçambicanos.

Leia aqui: acinto Veloso e Benvida Levy na equipa de preparação do encontro Nyusi-Dhlakama

Filipe Nyusi, que assistiu na quarta-feira em Lisboa à posse do novo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, convidou na semana passada o líder da Renamo para a retoma do diálogo, tendo designado uma equipa para preparar um encontro ao mais alto nível e pedindo ao partido de oposição a nomeação urgente dos seus representantes.

Em resposta, o gabinete de Dhlakama mostrou-se disponível para voltar às conversações, mas, “como forma de evitar os acontecimentos do passado”, sujeitou às conversações a pontos prévios, nomeadamente a mediação do Governo da África do Sul, União Europeia e Igreja Católica.

Leia aqui: Carta de Dhlakama: Conversações com Nyusi so com mediação de internacional

Nyusi e Dhlakama avistaram-se duas vezes no início de 2015, mas o diálogo entre Governo e Renamo está bloqueado há vários meses, levando o líder da oposição a ameaçar tomar o poder nas seis províncias onde reclama vitória nas últimas eleições gerais.

A instabilidade em Moçambique tem vindo a deteriorar-se, com acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios de dirigentes políticos.

Nas últimas semanas, foram registados ataques em várias estradas do centro do país atribuídos à Renamo, confrontos entre as duas partes e a fuga de milhares de pessoas para o vizinho Malawi.

Durante a visita a Lisboa, além da posse de Marcelo Rebelo de Sousa e de um encontro com o novo estadista português, Filipe Nyusi avistou-se com o primeiro-ministro, António Costa, mas não houve declarações dos dois governantes aos jornalistas.

À chegada a Lisboa, na terça-feira, o Presidente moçambicano manifestou a vontade em aumentar as relações de cooperação e económicas com Portugal, que classificou como “excelentes”.

O Presidente moçambicano regressa hoje a Maputo.

Fonte: Lusa