Madeira_troncos

As autoridades florestais na província central moçambicana de Tete estão a emitir poucas licenças para a exploração da madeira denominada ncula.

Trata-se de uma espécie existente um pouco por toda a província e cuja classificação ainda não está enquadrada na lista geral dos recursos madeireiros do país.

O director nacional de Terras, Xavier Sacambuera, disse a edição de hoje do jornal “Notícias” que a nova espécie, descoberta há três anos,  é muito procurada pelos operadores asiáticos ligados ao processo de comercialização de madeira, facto que serve para chamar à atenção das autoridades governamentais nacionais para o estudo mais pormenorizado do valor real de ncula, que abunda não só na província de Tete como também noutras do país.

“Como medida de precaução estamos a emitir poucas licenças para a sua exploração, pois devido à demanda de pedidos de operadores estrangeiros para o seu abate a ncula virou autêntico petróleo na região”, revelou Sacambuera.

Acrescentou que os poucos operadores nacionais autorizados a explorar aquela espécie são obrigados a declarar às autoridades governamentais, nomeadamente dos Serviços de Florestas e Fauna Bravia, as quantidades abatidas para o seu registo, sendo que toda a madeira de ncula sem o respectivo símbolo atribuído pelas entidades competentes não é autorizada a sua comercialização.

“Os toros abatidos na altura da sua vistoria chancelamo-los com um símbolo e por todos os postos de controlo que passam até à sua exportação deve ser apresentada toda a documentação com a marca aplicada”, disse Sacambuera.

Entretanto, dada a procura de ncula as comunidades da região oeste da província de Tete, onde abunda aquela espécie, viraram operadores ilegais. Sacambuera explicou que mesmo os licenciados para o corte de outras espécies adquirem ncula dos primeiros e vendem-na imediatamente a cidadãos estrangeiros, particularmente aos chineses, zambianos, congoleses e angolanos.

Ele disse ter ficado surpreendido durante a visita efectuada a alguns estaleiros, na cidade de Tete, com alguns contentores carregados e já selados com madeira de ncula sem a prévia vistoria e fiscalização dos técnicos dos Serviços de Florestas e Fauna Bravia naquele ponto do país.

Na sequência do facto, o director orientou aqueles serviços para realizar um trabalho profundo de levantamento das quantidades de madeira abatida e já em processo de carregamento para a sua exportação como uma das medidas visando o seu controlo efectivo e definição de novas políticas para a sua exploração sustentável.

Por outro lado, devido a uma maior procura da madeira do tipo pau-ferro a Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia decidiu, no ano passado, interditar a sua exploração, para permitir a sua regeneração nos próximos tempos.

“Estamos a instruir a liderança comunitária para sensibilizar a população para evitar ou denunciar os operadores ilegais de madeiras”, disse  Sacambuera, que na ocasião considerou que devido à coordenação com as comunidades foi possível, há dias, deter no distrito de Zumbu um camião carregado de 25 metros cúbicos de ncula. Acrescentou que neste momento decorre a tramitação dos processos legais com vista ao esclarecimento do caso e para a posterior tomada de medidas aos infractores.

O Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural desencadeou em Janeiro último uma campanha de levantamento das espécies madeireiras de que o país dispõe com vista à definição de uma política para melhor e sustentável exploração dos recursos florestais em benefício das comunidades.

Fonte: AIM