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A Direcção do Hospital Central da Beira (HCB) confirmou ontem o desvio de setenta por cento do equipamento médico doado em Fevereiro do ano passado pela Rotary Club da Austrália e a sua posterior alocação a uma clínica privada que funciona na capital provincial de Sofala.

Do material desviado, segundo informação prestada a governadora Maria Helena Taipo, destaque vai para o equipamento do Bloco Operatório, avaliado entre 400 e 500 mil dólares americanos.

Depois de uma acareação dos factos foi possível a recuperação, ainda ontem, de algum material que tinha sido desviado, a exemplo de uma mesa e duas camas de cirurgia que já estavam a ser utilizadas numa clínica denominada Sorridente.

Falando em conferência de imprensa, o presidente da Rotary Club da Beira, Andrew Jennings, referiu que do referido donativo entregue ao HCB faziam parte vários medicamentos, num lote de bens e equipamento contidos num contentor de 40 pés, sendo que a maior preocupação dos parceiros vai para o desaparecimento, em Outubro último, de uma mesa e 19 camas de cirurgia, deixando parte dos doentes internados no HCB a dormir no chão.

A fonte revelou ainda que de várias tentativas encetadas junto à direcção do HCB para saber do paradeiro do referido equipamento sanitário nunca houve justificação plausível senão apenas que tinha sido abatido, argumento que, entretanto, não convencia por se tratar de material novo, oferecido por pessoas de boa vontade.

Numa altura em que os parceiros australianos se preparam para visitar a província de Sofala com vista avaliar a utilização do seu donativo, o presidente de Rotary Club da Beira disse ter achado melhor marcar uma audiência com Maria Helena Taipo para dar conta do facto, tendo os visados sido chamados de emergência ao Gabinete da governadora, onde acabaram confirmando o desvio, num esquema que consistiu na simulação de que tratava de equipamento obsoleto.

O porta-voz do Governo em Sofala, Hélcio Cânda, disse, por seu turno, que a maior preocupação vai para a modalidade da recepção deste donativo pelo HCB, que segundo ele aconteceu à revelia do sector do Património e da Direcção Provincial de Saúde, e muito menos da governadora, representando uma autêntica desorganização daquela unidade sanitária .

“É uma indisciplina total ,com frequentes roubos de medicamentos, retirando  os esforços do Governo em parceria  com  investidores  com o objectivo de servir o povo com dignidade, onde o material é roubado do HCB e encaminhado para clínica privada”, censurou Cânda.

Deste modo, o Governo indicia naquela província toda direcção do HCB, chefiada pelo clínico Augusto César Macome, como culpada e deverá ser punida exemplarmente, enquanto todo equipamento desviado deverá retornar àquela unidade sanitária, num processo que está a ser liderado pela governadora de Sofala.

Fonte: Jornal Noticias