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Mensagem da Renamo na EN 1 fotografada por Arcénio Sebastão Neves

Homens armados, supostamente da Renamo, principal partido de oposição moçambicana, abriram três crateras no troço Save-Muxúnguè, da principal estrada do país, sujeito a escoltas obrigatórias do exército, tornando “mais difícil” a circulação, disseram hoje à Lusa testemunhas.

“Foram abertas três secções de covas que atravessam as duas faixas de rodagem na N1, incluindo uma perto do rio Ripembe, onde há uma posição militar. A circulação agora é feita de forma deficiente e mais perigosa” disse um camionista, descrevendo “o malabarismo” dos camiões com carga.

As escavações, com mais de 15 metros cada, adiantou a fonte, foram abertas durante o fim de semana, tornando a circulação de viaturas mais “vagarosa e morosa”, em zonas com frequente ataques a viaturas nos distritos de Machanga e Chibabava, na província de Sofala, centro de Moçambique.

“A segurança foi reforçada nas partes da estrada cortada. Quando a coluna chega nestes lugares, parte dos militares tapavam as crateras, enquanto os outros garantiam segurança da coluna até todos os carros passarem”, declarou uma viajante, que fez hoje o trajeto Save-Muxúnguè na primeira coluna da manhã.

Na semana passada, homens armados da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) deixaram escrito um recado no pavimento da estrada naquele troço: “Queremos paridade, não queremos a guerra para matar as nossas crianças. Renamo, a vitória é nossa”.

O departamento de segurança e defesa da Renamo anunciou a 08 de fevereiro a pretensão de implantar postos de controlos nas principais estradas do centro de Moçambique, para travar a onda de raptos e execuções dos seus membros.

Três dias depois foi protagonizado o primeiro ataque a viaturas civis, tendo as forças de defesa e segurança atribuído o incidente a homens armados da Renamo e reativado escoltas obrigatórias no troço Save-Muxúnguè e ativado a medida no segundo troço da N1, Nhamapadza-Caia.

A Lusa tentou em vão ouvir a Polícia de Sofala.

Em 2013, a Renamo bloqueou a circulação rodoviária no troço Save-Muxúnguè (Sofala), junto a N1, com frequentes ataques a viaturas civis e militares.

As incursões condicionaram a circulação em colunas de viaturas com escoltas militares, e cessou com a assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, a 05 de setembro de 2014.

A crise político-militar em Moçambique subiu de escalada nas últimas semanas, com ataques a viaturas civis e militares atribuídos à Renamo em vários troços da principal estrada do país na região centro e intensificação de confrontos entre as forças de defesa e segurança e o braço armado do principal partido de oposição na região.

A Renamo ameaça governar à força nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, de ter protagonizado uma fraude eleitoral.

Fonte: Lusa