Renamo-guerrilheiros-bandeira

Três agentes de uma força especial da polícia moçambicana ficaram feridos na segunda-feira num ataque de homens armados a uma comitiva governamental em Nhamatema, província de Manica, centro do pais, disse hoje a corporação.

Os agentes da Unidade de Proteção de Altas Individualidades (UPAI) foram atingidos a tiro quando escoltavam uma comitiva governamental, que regressava de uma cerimónia oficial e integrava o mandatário do governador de Manica e o comandante provincial da polícia.

O governador, que devia seguir na comitiva não estava presente, explicou a polícia, e a viatura da escolta adstrita ao gabinete do responsável provincial ficou com várias perfurações.

“Foram disparados três tiros certeiros”, precisou Leonardo Colher, chefe das relações públicas no comando da Polícia de Manica em conferência de imprensa, salientando que os agentes “foram socorridos e receberam atendimento hospitalar e estão fora de perigo”.

O ataque, atribuído a homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, ocorreu a meio da tarde de segunda-feira em Nhamatema, na zona de Honde, distrito de Barué, uma região largamente habitada e com frequentes emboscadas a viaturas civis.

“Após o ataque fizemos um desdobramento, sem termos dado uma resposta na mesma proporção, para evitar um massacre da população”, disse Leonardo Colher, adiantando que a emboscada ocorreu numa zona residencial e que um trabalho de investigação policial estava em curso para identificar os autores.

Em declarações à Lusa, alguns moradores de Nhamatema disseram que a polícia usou armas de fogo, numa zona habitada, provocando pânico entre a população e paralisando o comércio e as aulas.

“De repente, vimos carros parados e disparos do blindado da FIR [Força de Intervenção Rápida], que estava a acompanhar uns carros brancos [do Governo], e não houve troca de tiros”, contou um morador por telefone.

Um jornalista que integrava a coluna contou à Lusa que, depois do ataque, no local havia balas de armas automáticas junto ao pavimento da N7, a estrada que liga Chimoio a Tete, na província de Manica.

A comitiva governamental regressava de Catandica, após participar nas celebrações do 99.º aniversário da revolta de Barué, também conhecida como revolta de Macombe contra o regime colonial português.

A crise política em Moçambique agravou-se nas últimas semanas, com o registo de vários ataques atribuídos ao maior partido de oposição.

Além de uma vaga de refugiados para o Malaui, país vizinho, as confrontações entre forças de defesa e segurança e o braço armado maior partido de oposição já provocaram um número desconhecido de vítimas mortais.

A Renamo ameaça governar à força nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando o partido no poder, a Frelimo, de ter protagonizado uma fraude eleitoral no escrutínio